Todavia | Dalton Trevisan

Todavia | Coleção Dalton Trevisan

 
 

A Editora Todavia nos apresentou um desafio instigante: criar um sistema visual para o relançamento da obra completa de Dalton Trevisan, um dos autores mais enigmáticos e consistentes da literatura brasileira. O objetivo era renovar o olhar sobre sua obra e despertar o interesse tanto de novos leitores quanto daqueles que já o acompanham há décadas.

O pedido do editor foi claro: cada livro deveria ter identidade própria, mas sem perder o senso de conjunto. A partir dessa ideia, desenvolvemos um sistema com alguns elementos fixos e um campo aberto para variações, permitindo que as capas se comuniquem entre si, mas conservem a personalidade individual de cada título.

O ponto de partida foi o nome Dalton, em destaque. Ele aparece grande, com variações de tamanho e posição, sempre como uma presença marcante. Em seguida, introduzimos cores intensas e títulos inseridos em caixas, uma referência direta ao corretivo branco que o autor usava para reescrever seus textos à mão. Também mergulhamos em seu arquivo pessoal, resgatando ilustrações, fragmentos de edições antigas e fotografias de sua trajetória, que adicionam uma camada afetiva e biográfica ao projeto.

O resultado é um conjunto que transmite a sensação de algo em processo, como se cada livro ainda estivesse sendo montado. Nada é perfeitamente alinhado ou simétrico. Assim como os recortes de jornal que Dalton acumulava, cada capa parece feita à mão, revelando imperfeições que se tornam parte de sua beleza. É um tributo ao gesto artesanal de um autor que passou a vida revisando e reinventando suas próprias palavras.

Viva Dalton.

 

Todavia Publishing House presented us with a fascinating challenge: to create a visual system for the reissue of the complete works of Dalton Trevisan, one of the most enigmatic and consistent voices in Brazilian literature. The goal was to bring a renewed perspective to his work and spark the interest of both new readers and those who have followed him for decades.

The editor’s brief was clear: each book should have its own identity while remaining part of a cohesive whole. From this idea, we developed a system based on a few fixed elements and an open field for variation, allowing the covers to communicate with one another while maintaining the unique personality of each title.

Our starting point was the author’s name, Dalton, displayed prominently on every cover. It changes in size and position from book to book, but always remains a strong visual anchor. We introduced vibrant colors and titles placed inside boxes, a direct reference to the white correction fluid the author used obsessively to rewrite his manuscripts by hand. We also explored his personal archives, bringing back illustrations, fragments from past editions, and photographs from his life, which add an emotional and biographical layer to the project.

The result is a collection that conveys the feeling of something constantly in progress, as if each book were still being assembled. Nothing is perfectly aligned or symmetrical. Much like the newspaper clippings Dalton used to collect, every cover feels handmade, with imperfections that become part of its beauty. It is a tribute to the artisanal gesture of an author who spent his life revising and reinventing his own words.

Long live Dalton.